Amontoando brasas


Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça.
Rm 12.20

Fazer o bem a quem nos maltrata é um desafio enorme que as vezes é visto até mesmo como uma superação. É uma atitude que ao mesmo tempo em que é tão difícil de ser exercitada é tão nobre para quem o faz, e, bem aventurado aquele que a pratica. Fazer o bem a quem nos maltrata não muda só o nosso presente, mas felizmente, o nosso futuro.
Há quem entenda que isto é loucura. Mesmo assim, embora nos pareça impossível tomar este tipo de atitude, nós não temos idéia do que Deus pode fazer quando amamos a quem nos ferem. Fazer o bem a quem nos maltrata não é somente uma questão moral e/ou religiosa deixada por Jesus. Simplesmente, faz a mão de Deus agir em nosso favor. Se queremos nos vingar, temos a palavra que diz: “Não se vingue. Espera pelo senhor e ele te livrará” (Prov. 20.22).
Dar a outra face, amar nossos inimigos parece contraditório. E abençoar os que nos perseguem? Neste último caso, veja o que a Palavra diz: “Abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis” (Rm 12.14). Paulo cita duas vezes a palavra abençoar por dois motivos: como humanos somos tendenciosos a maldizer a quem nos persegue (e abençoar nesta situação seria uma prova de mente renovada no Senhor) e também porque como “pequenos cristos”, devemos imitar o exemplo que ele nos deixou. Além disso há uma grande nuvem de testemunhas observando nossas atitudes (Hb 12.1)
A verdade é que ninguém quer dar a outra face, amar os inimigos e muito menos abençoar quem nos persegue. Se somos injustiçados, queremos que eles sumam, sejam reduzidos ao pó, lançamos maldição e ainda oramos para eles serem fulminados por Deus. Esquecemos que a palavra branda desvia o furor (Prov. 15.1) e damos uma de “respondões” e retrucamos a tudo e a todos a custa de nos justificarmos. Queremos que Deus faça algo por eles que seria a nossa própria justiça, porém, nossa justiça, nosso conceito para com as pessoas não é o mesmo conceito de Deus porque olhamos a aparência, mas o Senhor, o coração.
É por isso que Jesus disse “que recompensa terá se você amar a quem te ama?” (Mt 5.46). Que esforço ou diferença haveria nisto? O que iria te custar? Dar a outra face, amar nossos inimigos também é uma forma de oferta de adoração porque estamos nos doando, estamos passando por cima de algo que nos custa algo e as vezes custa muito caro: nosso orgulho. Como disse Davi “não quero dar ao Senhor algo que não me custe nada” (II Sm 24.24). Isso nos faz pensar se estamos amontoando brasas sobre nós.
Sempre que alguém pisa no nosso pé, grita conosco, nos ofende, nos humilha (as vezes e tantas vezes publicamente), não nos ouve; as vezes nem temos oportunidade de nos defender e quantas vezes nos passamos por mentirosos, falhos, incompetentes. Quando somos mal-falados ou quando alguém questiona nossa índole, reagimos e muitas vezes reagimos mal. É claro que tem a ação e reação: a forma como agem comigo, eu reajo e talvez essa idéia natural é o que nos faz sermos infelizes nas nossas atitudes e falas, já que, temos que agir pelo sobrenatural.
montoar brasas significa deixar Deus agir por você, deixar Deus fazer justiça por você. Deus trabalha mesmo em silêncio e também enquanto dormimos. A palavra diz que a vingança é do Senhor e não nossa (Rm 12.19). Amontoar brasas é colher lá na frente o que plantamos hoje. Se plantamos atos de justiça, da mesma forma colheremos. Se plantamos compaixão, colheremos igualmente.
Que experiência com Deus teríamos se, na medida (ou além dela) em que somos maltratados, abençoássemos. Amontoar brasas é acolher aquela pessoa que tanto nos fez mal, e dar a ela a ajuda que merece. Amontoar brasas é seguir o exemplo de Jesus que amou, morreu e reviveu por todos nós, ainda pecadores e indignos de seu amor. Amontoar brasas é entender que se vence o mal com o bem (Rm 12.21).

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